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Idelgiro
VW Sedan 1500, 1971

Motor:

VW refrigerado à ar 1.584 cc - o motor original 1.500 rodou até 183.500 Km em 16 anos. Foi trocado em 1987 pelo 1600 atual.

4 cilindros contrapostos horizontalmente

60 HP SAE (4.200rpm) - 10,7 Kgm (2.200 rpm)

Em 05/04/2017 fiz um ensaio do Idelgiro em um dinamômetro de rolos. O objetivo é ver o que tenho no motor, já com 154.000 Km rodados, e comparar com o que terei com o motor novo. Conversões feitas, deu aproximadamente 57 HP SAE a 3.234 rpm. Muito próximo aos 60 HP que a fábrica informava, só que em rotação menor, provavelmente por desgastes, principalmente em anéis de segmentos e camisas, deixando vazar compressão. O torque máximo me surpreendeu, superior ao informado pela fábrica, mesmo num motor já velho : 11,7 Kgm, a 2.423 rpm. Fosse novo ainda, estou certo que os resultados me espantariam ainda mais. Esses resultados me explicam porque esse segundo motor do Idelgiro sempre foi diferenciado, bem mais forte que o normal. Foi sorte minha, esse motor foi comprado em concessionária, e veio bem montado e balanceado. Um conjunto mais harmonioso, que reflete nos resultados que dá, tanto em torque e potência, quanto em economia e longevidade. É um chamado motor "aleijado", aquele tipo de motor que antigamente falavam que foi montado numa quarta-feira, longe da ressaca da segunda, e da ansiedade do final de semana na sexta.

Câmbio:

4 marchas sincronizadas


Sobre o Idelgiro

   Foi comprado zero por meu pai, e eu tinha 7 anos nessa data. Lembro direitinho quando estávamos chengando da escola com a mamãe, e passa o papai com o Fuscão novinho, sem placas, escondido. Vi ele antes, mas não foi menor a surpreza. Lembro também do primeiro domingo dele. Logo cedo peguei um balde e fui lavar a poeira. Eu não alcançava o teto dele, e virou uma lambreca danada. Ficou igual ao Cú do Sr. Pepino... (Sr. Pepino, minha sogra contava, era um italiano que morava no Barro Preto, aqui em Belo Horizonte. Os meninos da rua pixaram um Cú, no muro dele. Ele pegu gasolina, um paninho e limpou o Cú. Ficou um Cú todo borrado. Assimilei isso de minha sogra, e uso a expressão quando quero dizer que um conserto ficou pior que como estava)

   Na época da compra, por consórcio, ainda tínhamos o 1200 1964, que foi vendido à seguir. Com isso o Fuscão foi o único carro da Família até 1983, quando o papai comprou o "Florzinha", um Corcel II 1981. Também tive duas Kombis, e conservo a segunda, uma Clipper 1990. Já tive duas Brasílias à meu serviço, e tenho saudade delas. Uma 77 Azul Caiçara, e uma 79 Branca. Foram à leilão logo depois que as entreguei, e só não fui arrematar uma delas por ter outros objetivos na época. Não contando o resto de Fusca, Kombi, Variant, Brasília que passaram na minha vida, e somando o Fuscão e o Fusquinha 1200/64, posso dizer que conviví com Fuscas a minha vida inteira.

   O nome Idelgiro foi invenção minha, lá pelos 13/14 anos. Alguns amigos da rua já tinham carros, e inventamos de dar os nomes, como é praxe. Lembro do Getúlio, o Fuscão 1500 do Dande, do Paulicéia, o 1300L 77 do Paulinho, do Cesário, o Itamaraty 1967 do Ricardo, entre outros. Idelgiro foi um acópode de "Ih ! Deu giro..." (O Cesário, o Itamaraty, achei vendendo barato no Barro Preto/B.Hte. Tinha junto o dinheirinho para comprá-lo, mas com meus 15 anos meu pai encrespou demais. Levei o Luciano que comprou ele, e vendeu ao irmão Ricado em seguida. O Ricardo sempre me emprestava o Cesário. Não andei mais nele por falta de dinheiro para a gasolina. O Cesário bebia bem...)

   Lá por volta de 1983, eu já com carteira de motorista, e juntando com a compra do "Florzinha", fui gradualmente assumindo o Idelgiro, começando em assumir as despesas de combustível, e lá por volta de 1986/87 assumi também a manutenção. Costumo dizer que roubei o Idelgiro em 1983.

  A primeira placa dele, a amarela, e eu fui ao Detran com o papai emplacar, foi escolha do meu pai. O delegado fez a gentileza de permitir a escolha do número. Papai escolheu, escolha rápida e sem frescura, e eu gostei do número. Quando foi obrigatória a troca da placa amarela pela cinza, em 1998 aqui em Minas Gerais, papai passou ele para o meu nome definitivamente. "Se tiver multas, vem na sua carteira", foi a desculpa que ele deu para me dar o carro. Como número de placa não tinha escolha mais, e o do Idelgiro não tinha um número tão especial, tivemos que pedir ao delegado para passar o número dele para especial, para dessa forma eu comprar a placa especial e manter o número. Trabalhão, mas o número da placa do Idelgiro se mantém o mesmo de sempre.O endereço também ! Não mudei o endereço dele para minha casa, deixando na do papai. Efetivamente acrescentou-se só o Júnior no final do nome do proprietário, e trocou o CPF. Então, sou quase primeiro dono do Idelgiro. Que tal primeiro dono e meio ? 

   O motor atual já está mais rodado, bom ainda. A sua reforma, retífica, virou objeto de estudos, pois pretendo melhorar ele, fazendo eu mesmo o serviço e mantendo a aparência externa exatamente original. Depois de tanta idéia, e de mudanças no que já era certeza conforme avançaram os estudos, cheguei à uma configuração que usa pistão de última medida (86,5mm), e um virabrequim com curso maior, com 76mm. Isso foi fomento de um amigo, que atende pelo peseudônimo de MDF74. A primeira idéia usava um virabrequim de 74mm, mas em simulador virtual de motor resolvi ceder à tentação do MDF, e passei a testar curso maior que 74. Os 76x86,5 me deram um deslocamento de 1787cc, ou seja 1787 cilindradas, como dito corriqueiramente. É exatamente o número da placa que o Idelgiro sempre teve. Apesar de me complicar um pouco com a alimentação no novo motor, vou manter mesmo os 1787, não desperdiçando essa coincidência do acaso. É um gosto para mim, um regalo, mereço, e o Idelgiro também. Fica o desafio de adequar alimentação à esse novo motor, 1787cc não é pouco deslocamento em um Fusca. Pode ser chamado de um motor 1800, com todo direito.

    E continua o Idelgiro !  Todos eventos importantes, formaturas, casamento, buscar os meninos na maternidade fazendo dele o primeiro carro que andaram na vida. E é até hoje o meu carro de uso, o único, sempre.

O que não é original

    As ponteiras de saída do silencioso, ou seja, os tubos de desgarga. Na aparencia é só ! Uso há anos os tubos desmiolados,chamado também de angulares, de diâmetro maior e que apontam ligeiramente para cima. O primeiro par foi presente do Dande, que instalou um Kadron no Getúlio. O silencioso ruim tinha os tubos bons, que duraram à mais comigo perto de 30 anos. Esses tubos me facilitavam a saída da garagem, pois não prendiam no calçamento pé-de-moleque da rua. Tinha também que, após a adição de álcool na gasolina, os tubinhos originais do Fusca apodreciam a tela metálica de dentro, e saiam cuspindo lã de vidro prá todo lado.

    Como acessórios o Idelgiro tem um toca-fitas TKR/CCE e equalizador Tojo GR250, com 3 auto-falantes de 40w RMS e 3 twiters, instalados um na porta direita, os outros na tampa do "coxinho". Um triaxial de 60W RMS instalado no local original do painel completa o quarteto. É muito som para um Fusca, sendo que raramente ligo o equalizador. (Não entendo como conseguem dirigir com mais som que isso...). Brevemente vou instalar um toca-fitas PLL nele, o que era da Faustina. Apesar de adorar os rádios com o "ponteirinho", não consigo mais achar com facilidade as estações que me agradam. Antigamente tinham poucas estações, e não haviam problemas. Mas hoje, toda hora cai em uma reza...

    Em 2005 fabriquei para ele, juntamente com o da Faustina, um módulo de Ignição Eletrônica Assistida (tem isso detalhado em "Dicas"). Com esse módulo consegui uma centelha muitíssimo melhor que a original, e preservei o bom platinado Echilin americano que já tinha instalado. Esse platinado tinha 8.510 Km rodados na data da instalação do módulo, e está no momento (04/2018) com 56.000 Km de bons trabalhos, devendo durar muito mais ainda.

    Em 2016 instalei um filtro de óleo by-pass Fram F3. Esse filtro foi utilizado em inúmeros carros, e inclui-se o primo rico do Fuscão a Porsch 356. Tem essa instalação em "Dicas".

    Não vou deixar de lembrar do punho da alavanca de marchas, maior, vermelho, com uma bandeirinha quadriculada e escrito "Grand Prix" dentro do acrílico. Papai instalou ele como acessório, logo depois da compra, e guardou o pequeno original. Esse punho vermelho de acrílico eu troquei por um de Passat, quando assumi o Fuscão. Nessa época, menino abestalhado, sai retirando ou pintando todos os frisos. Dos vidros, do estribo. Troquei lentes. Minha sorte é que sou burro organizado, e guadei as lentes originais. Mas as lentes, junto com o punho original VW do Passat, foram fáceis de voltar para o original. Já frisos pintados tiveram que ser lixados e polidos, e os retirados das borrachas dos vidros tiveram que ser reinstalados. Deu muito trabalho,calejei os dedos, mas voltei ao original. Aprendi que acabamento de carro antigo não se mexe. Os punhos, o de acrílico vermelho e o do Passat seguem guardados, juntamente com os retratos de época com o Fuscão alterado.


Sobre o modelo

    No Brasil o Fuscão 1500 foi uma grande evolução do Fusca. Não só no motor com mais potência e torque, mas também na suspensão e freios.

    O eixo traseiro com maior bitola, incluia o estabilizador traseiro da suspensão (Alguns insistem ser compensador traseiro. Mas em Minas falamos é assim). As mangas de eixo dianteiras eram montadas com pivot's no lugar do embuchamento tradicional, e dispensavam lubrificação. Incluia também o estabilizador dianteiro.

    O freio dianteiro do Idelgiro é o tradicional à tambor, mas o Fusca 1500 tinha o freio a disco como opcional de fábrica, que não era muito aceito na época, novidade, por desgastar pastilhas muito rapidamente. O freio à tambor era a preferência.. 

    Na parte estética, duas entradas de ar na tampa do motor davam um ar de maior potência. As rodas de 4 furos eram diferentes das dos Fusquinhas, e na época do lançamento eu achava lindo as novas rodas e calotas, diferentes do tradicional. Tinha uns 7 anos, e vibrava quando via um Fuscão na rua, antes da compra do Idelgiro.

    Os pneus eram os mesmos diagonais 5.60x15 do Fusquinha, sendo que o Idelgiro saiu de fábrica com os Pirelli Tornado Alfa, que usa até hoje. O Idelgiro chegou a usar alguns pneus com o fino friso branco incorporado, mas por volta de 1973/74 a Pirelli extinguiu eles, mantendo somente o Tornado Alfa todo preto.


A nota fiscal do Idelgiro
É datada de 25/06/1971. Essa imagem tem alguns dados apagados, claro...