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No Morro do Chapéu, em Queluz

  Tô Bão ! 

Já viram engarrafamento em estrada asfaltada ? Isso a maioria já. E rodar em uma estrada asfaltada, uma Rodovia Federal, como se fosse uma avenida, com movimento da saída à chegada ? Pois foi assim que viajamos na quinta-feira Santa, com movimento do início à quase o fim. A sorte, para ter um gostoso na viagem, foi que pegamos 17 Km de estrada secundária, e foi o que deu para desafogar as mágoas. Pode até parecer chatura, principalmente para paulistas e cariocas, mas tínhamos costume com estrada lotada só no carnaval. Ainda mais que há bem tempo viajávamos por terra, e nem imaginávamos o que podia estar acontecendo nas estradas mais usadas. 

O destino era perto, e o charme do lugar garantia que a empreitada compensaria. Eu tinha idéia e vontade de rodar por aqueles lados há muito, desde o tempo que a estrada para lá era de terra. Era projeto de uma viagem no Edwaldo, que anda mais não andando ultimamente, por ser carro pouco adequado à viagens com uma Zequinha bem novata ainda. Fomos para Santana dos Montes, nome atual da colonial Morro do Chapéu, em Queluz, que por sua vez é hoje Conselheiro Lafaiete. Hoje emancipada, Santana dos Montes continua pequenina como gostamos, antiga com adoramos. É o típico lugar que se mexer em qualquer coisa, vai estragar. Na Igreja Matriz centenária mexeram, modernizaram, trocando o assoalho de barrotes e tábuas, cheio de túmulos dos importantes de antes, por uma cerâmica de gosto no mínimo duvidoso. Um pecado, e é melhor ficar como está. Ali foi caminho das tropas de mulas e burros, obrigatório para quem vinha da Corte até Vila Rica, ou o Tejuco. A própria pousada onde ficamos garantia mais charme ainda. É um casarão, um sobrado, do início do século XVIII, na praça principal bem ao lado da Igreja Matriz. Foi uma venda de um português na parte inferior, e sua morada na superior. O imenso pomar ainda conserva dúzias de produtivas jabuticabeiras, também centenárias, e pelo porte das árvores é bem certo que sejam quase que da idade da casa. Um abacateiro imenso, e idoso da mesma forma,  completa o clima. No caminho entre os quartos e o restaurante, mais flores e uma bananeira caturra com um cacho caprichado. Um delicioso barato tudo isso, que amenizava até o longo subidão do trajeto entre rancho e quarto.

Sei que o lugar é o ideal para passar a Semana Santa, assistindo e participando das procissões, e apreciando o que há muito por aqui já esqueceram.  Tradições como a malhação do Judas, no pocar da Aleluia, continuam presentes. Tá certo que não deram de pau no pobre do boneco como faziam antes, mas o serviço da Marlene da pousada foi primoroso. Ela é a responsável pelo Judas, e enche ele de bomba. O resultado é que ele explode completamente, e a vigília continua, pois quase meia hora depois de terminada a judiação, ainda uma bomba ou outra cisma em explodir. Foi nesse lugar que a Laura conheceu carro de boi, parado, fora de serviço, mas conheceu. Era onde eu dava para ela um lanchinho toda tarde. Conheceu mais um tanto de bichinho também, vendo maritacas, garrincha, bem-te-vi, canarinho do reino, e até um jacu, que descansava em cima de uma jabuticabeira. 

E conheceu também a tal da cachoeira... É ! Foi finalmente apresentada, e garanto que não esquecerá jamais. E olhe foram logo três cachoeiras. A primeira de facílimo acesso, a do Santinho, para obedecer a Rose no seu pedido de não procurar chifre na cabeça de cavalo em trilhas mais emocionantes. A segunda, da Caatinga, já tivemos que descer um tanto. Fácil, com escada feita, mas já não tanto quanto a primeira. Já a terceira compensou mesmo, e estou certo que carro baixo num chegaria lá de jeito algum. Foi a Cachoeira das Três Cascatas, no Morro do Chapéu. Pertinho da fazenda de mesmo nome. Tentamos ir pela Fazenda da Posse, subindo ao lado da Matriz, passando pelo Cruzeiro de Cima. A estrada é até segura, só que tomada por mato, parecendo abandonada. Era gostoso sentir o cheiro da alfavaca quando a Faustina ia abrindo caminho por entre elas. Só que logo após a entrada da Fazenda da Posse, tinha um subidão, que acabou acabando, cheio de erosões que cabiam a Faustina dentro. Era o trecho que o rapaz tinha comentado no dia anterior, lá na Fazenda do Santinho. O recurso era voltar, e tentar dar a volta, o que deu certo. Na primeira fazenda assuntei sobre o caminho, e me informaram que estava bom. Estava mesmo, com os subidões patrolados, lisinhos, sem buracos. Já viram estrada recém patrolada ? E com chuva caindo há uns dias ? É pior que esburacada. Com a chuvinha os escorregões eram certos. Mas com um carro do quilate da Faustina, carro de fazendeiro graduado, nós não voltaríamos de mãos vazias. Subi, sendo o motorista e Zequinha ao mesmo tempo. Parando nas porteira, abrindo e fechando, subindo e descendo. Era gostoso quando a Faustina caia nas valas. É ! Estava mesmo patrolado, mas as valas estavam todas lá, aterradas, sem compactação, passando surpresa na gente toda hora. Uma delícia ! E em alguns trechos precisei até de uma  tração reduzida. Mais delícia ainda.  A cachoeira é simples, mas bonita. É um riozinho que vem cheio de quedas. Mas a exclusividade do lugar é que nos deixa mais felizes. Ermo, vazio. Completamente tranqüilo. Estava tão bom que delongamos, e com a minha invenção de moda de voltar pelo outro lado demorou ainda mais. Acabamos saindo em Cristiano Otoni, após rodar um bom trecho no antigo leito da ferrovia. Leito desativado, sem trilhos, trecho como já andamos de outras vezes com a Faustina mesmo. Também muito gostoso o passeio, mas no final chegamos tarde de volta, almoçando tarde e não tendo oportunidade de nos despedir de todos amigos que por lá fizemos, . Especialmente a Ana e o Medina, os proprietários. Gente que faz aquilo por gosto, e que sai bem feito por isso. A Valéria e o Luiz já tinham vindo também, mas nos deixaram a incumbência de fazer um carreto de alguns doces e geléia de jabuticaba para eles. Carreto penoso, com muita chuva e engarrafamentos na tal Rodovia Federal.

No final o saldo é o que esperávamos. Conhecemos mais lugares, fizemos mais amigos. Andamos de Rural, trouxemos boas lembranças das nossas vidas.

Até a próxima,

22/04/2010

          Walter Júnior - B. Hte. -

waltergjunior@uai.com.br  

walter.junior@ig.com.br

 

 

Engarrafamentos na BR 3, durante a ida. Melhor viajar por terra... Tá ! Hoje é BR 040.

 

Passamos no Viaduto das Almas.

Essa deve ter sido realmente a última vez. Em 2007 passamos lá indo para

Catas Altas da Noruega, e até hoje não conseguiram fazer o viaduto novo funcionar.

 

Instalados ! Laura no bercinho, Chico na caminha.

 

Algumas cenas da pousada.

 

Cachoeira do Santinho. A primeira das várias que a Laura terá.

 

 

Feliz...

 

... e com a pedra que marca o feito na mão. Essa pedra está em casa, no jardim, junto com tantas

outras também especiais. Pedimos licença aos elementais, e levamos essa pedra para casa.

 

Ducha de bambu ! A água cai de uns 6 metros. Não é muita quantidade, mas o efeito é grande.

 

A também centenária Fazenda do Santinho ao lado da sua cachoeira.

 

O Chico sempre atrai cabritos. Onde tem, eles o seguem por onde vá.

 

O carro de boi não funciona mais. Mas deu para passar bons momentos nele, como na hora do

lanchinho da tarde. Aprende-se também: Aqueles paus a Laura já sabe que não é lenha, é fueiro.

 

Um jacu na jabuticabeira, canarinhos do reino no comedouro.

Cacho de banana no pé, e as jabuticabas temporonas. Tudo na pousada.

 

Faustina no estacionamento. É muito charmosa e fotogênica...

 

Uma voltinha de velocípede na praça. O chapéu da Rose andar de Jeep vai mesmo virando herança, devagarzinho.

 

Sexta-feira da paixão. Descimento da cruz e procissão

 

A amiga Denise e Laura. E o folgado do Chico curtindo na sala de música.

 

Boiada na pista ? Isso é bom de mais de se ver. Mesmo no asfalto.

 

Nos divertimos com algumas placas, na na estrada entre Cristiano Otoni e Santana dos Montes.

 

Fazenda da Pedra, na beirada da mesma rodovia estadual.

 

Cachoeira da Caatinga. Foi a segunda cachoeira da Laura, e a Rose reapareceu com o olhar de

quando criança. O Luiz e a Valéria nos acompanharam nessa aventura. Sempre fazemos amigos nas nossas viagens.

 

Cenas da cidade. Simpaticíssima !... E que continue assim.

 

 

 

Não podia faltar brincadeiras com chapéu, no "Morro do Chapéu".

 

Sarau no Sábado de Aleluia...

 

 

 

Procissão da Aleluia. E a Faustina presente... 


Malhação do Judas... Ou melhor: Explosão !

 

Embarcando para outra cachoeira. Essa foi aventura...

 

Comprei pinga no pé da vaca no caminho, digo, no pé do alambique.

E achei esse artístico velocípede artesanal. As roças sempre nos surpreendem.

 

Estradinha bem fechada, molhada pela chuva e com cheirinho de alfavaca.

 

As erosões marcando o fim: Quase que cabe uma Faustina dentro das valas. Só com guincho !

 

Demos a volta, e o caminho também compensou, nos mostrando mais belezas.

 

 

 

Serviço de Zequinha é mais que necessário. Valorizemos essa categoria....

E dirigir, descer, abrir, subir, atravessar, descer, fechar, subir, continuar, num é fácil.

 

Chegando à Cachoeira das Três Cascatas.

 

Gostosa travessia, com o barréu estercado e pisoteado. Escorrega, patina e atravessa..

 

E os troféus, vistos do outro lado da travessia.

 

O lugar é ermo e tranqüilo. Digno de um convescote. Pic-nic, prá num te dar trabalho...

 

Cachoeira é bom demais da conta !... Quem é praia prá comparar ?!

 

Voltando... A cachoeira emoldurada pela porta da Faustina.

 

O encontro com o treim, na linha atual, rodando pela estrada de ferro desativada...

 

...e o gosto de ser rodar onde já passou uma Maria Fumaça

 

O "fim da linha", em Cristiano Otoni.

 

A foto do casarão e da Faustina, na hora de vir embora.

A chuva já estava caindo, e até cerração dá prá ver à direita.

 

Despedida. A Marlene fez nosso bota-fora.

 

A volta prá casa.. Muita chuva e trânsito.

O desembaçador da Faustina quase não deu conta, mas funcionou ao contento.

Para provar a amizade, o Luiz e a Valéria nos fizeram uma visita em 18/04/2010, numa comilança de pastelzinho no rabo do fogão de lenha...